data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Marcelo Oliveira (Diário)
Na sala de espera do Pronto-Atendimento Municipal (PAM), a esteticista canina, Patricia dos Santos Silva, 21 anos, aguarda ao lado de outras mães e pais na ala de atendimento infantil. Há quatro dias, o filho mais velho, Joaquim, de apenas 5 anos, está doente. Segundo a mãe, os principais sintomas do menino são febre, tosse, dor de garganta, nariz trancado e dor de cabeça.
Ao Diário, Patricia fala sobre possíveis diagnósticos que vão desde um simples resfriado até contaminação por Covid-19, uma vez que Joaquim adoeceu antes de ser imunizado contra as duas doenças. Tanto ela, quanto os especialistas, citam o retorno às aulas e até mesmo, as mudanças bruscas de temperatura de Santa Maria, como possíveis fatores que resultaram no aumento da demanda. O caso de Patricia e Joaquim é um entre os 2,5 mil atendidos pela unidade em março e abril deste ano.
Nos últimos dois meses, o número de atendimentos a crianças com problemas respiratórios aumentou também na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA 24h), que faz parte da rede pública de saúde. Uma movimentação semelhante também é percebida em instituições da rede privada, como a Unimed Santa Maria, Hospital da Brigada de Santa Maria (HBM),
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LEVANTAMENTO
O levantamento apresentado nesta reportagem leva em consideração dados fornecidos pelas administrações do PA e UPA 24h, sendo que o Pronto-Atendimento Ruben Noal, no Bairro Tancredo Neves, conta apenas com ala de atendimento de urgência e emergência para adultos. De 1º a 31 de março, foram realizados 3.815 atendimentos de urgência pediátrica nas duas unidades. Deste número, 2.685 ocorreram no PA e 1.130 no UPA. Os números aumentaram no mês seguinte, no qual os dados avaliados vão de 1º a 30 de abril. Ao todo, XXXXXX atendimentos foram prestados na ala infantil, sendo 3.105 no PA e 1.949 no UPA.
PAM
Localizado na Avenida Jornalista Mauricio Sirotski, no Bairro Patronato, o Pronto-Atendimento Municipal presta atendimentos de urgência e emergência envolvendo adultos e crianças. Conforme a coordenadora administrativa do PAM, Verônica Martins Camargo, o aumento do atendimento ao público infantil é observado desde março na unidade, quando mais de 2,6 mil atendimentos foram realizados. Deste quantitativo, 1.050, o equivalente a 39%, foram de quadros clínicos respiratórios.
-São doenças do aparelho respiratório que consideramos, o que inclui renite, bronquiolite, broncopneumonia, asma, laringite, amigdalite e outros - explica Verônica.
No mês de abril, tanto o total quanto a porcentagem de casos aumentam. De 3.105 casos, 1.451 foram de crianças com problemas respiratórios, o que corresponde a 47%. Entretanto, Verônica comenta que o quadro não gera índices consideráveis de internações:
- Não houve tantas internações por esse motivo, mas eles ficam em observação de 12 a 24 horas. Não melhorando, elas são encaminhados para a rede hospitalar pública.
Confira os números:
Março
- Total de atendimentos pediátricos - 2.685
- Atendimentos devido a quadro respiratório - 1.050 (39% do total)
Abril
- Total de atendimentos pediátricos - 3.105
- Atendimentos devido a quadro respiratório - 1.451 (47% do total)
Total de atendimentos: 5.790
UPA
Na Unidade de Pronto-Atendimento 24h, no Bairro Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, os índices dos meses de março e abril também chamam a atenção. Ao passar um panorama dos atendimentos em dois meses, a administradora da Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24H), Manuela Trevisan, conta que foram contabilizados 1.130 atendimentos de pediatria em março, sendo 235 motivados por síndromes ou problemas respiratórios. No mês de abril, os atendimentos aumentaram para 1.949, sendo XX por casos respiratórios.
Manuela explica que os encaminhamentos nesse tipo de atendimento dependem da avaliação médica, o que envolve até mesmo a possibilidade da criança ser internada.
- A criança dá entrada na UPA, passa por uma classificação de risco e depois, ela é encaminhada para atendimento pediátrico. Alguns casos tem sim a necessidade de internação na UPA, até para ter uma melhora na resposta. Em outros, é necessário a transferência para unidade hospitalar. E observamos isso devido a vários fatores, que vem surgindo em decorrência da volta às aulas e o grande período que as crianças passaram sem estar na escola e agora, vão retomando o contato - afirma.
Confira os números:
Março:
- Total de atendimentos pediátricos - 1.130
- Atendimentos devido a quadro respiratório - 235 (21% do total)
Abril:
- Total de atendimentos pediátricos - 1949
- Atendimentos devido a quadro respiratório - 355 (18% do total)
ANÁLISE
Aos 82 anos, o pediatra Wilson Roberto Crivellaro Juchem acompanha o atual cenário em que a saúde de crianças precisa ser avaliada. Perante o aumento dos atendimentos de urgência pediatria, ligados diretamente a quadros clínicos respiratórios, ele tenta elencar alguns fatores primordiais para entender os índices. Apesar do período do ano ser um deles, o mais importante para o profissional é o retorno presencial das aulas após dois anos de pandemia.
- Este ano, possivelmente, com o fator da abertura das escolas para as atividades presenciais, nós iremos ter muitas crianças que precisarão 'reativar' o seu processo de amadurecimento imunológico e suas defesas. Esse amadurecimento, que deveria ter sido feito há dois anos de forma natural pelo convívio escolar, foi interrompido pelo isolamento social e terá que ser feito agora, porque é próprio da natureza e não tem como escapar disso.
Atuando a 56 anos em Santa Maria, o pediatra busca acalmar pais ou responsáveis sobre os altos índices que surgem no outono e provavelmente, seguiram no inverno.
- A ciência médica protege as crianças de muitas situações através de vacinas, mas há outras, principalmente virais, que irão depender das agressões ao sistema para que as crianças adquiram as defesas de forma natural. Então, o que está acontecendo com infecções virais, especialmente, neste período, é em decorrência do que está se passando em termos de escola.
Para Juchem, não sair ou cuidar para estar mais agasalhado é um dos fatores de prevenção mais baixos a se considerar. Ele acredita que a escola e os pais devem trabalhar juntos, para criar e seguir orientações que prezem, acima de tudo, pela segurança das crianças.
- Quando se identifica que um criança está doente, fica a recomendação de que ela não seja levada a escola, porque se ela contraiu algo em âmbito escolar, não é razoável que ela continue levando, para as outras crianças, o problema e elas venham a contrair. Então, isso dependerá da escola, que deve recomendar e principalmente ao pais, que respeitem essas recomendações e fiquem com suas crianças enquanto estiverem doentes ou não tiverem liberação técnica dos pediatras - afirma.
Já o infectologista adulto e pediátrico Fábio Lopes Pedro orienta que as famílias procurem os médicos pediatras dos postos de saúde, dos consultórios, sempre antes de se dirigir a emergências super lotadas.
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Em março, a Unidade de Pronto Atendimento 24H realizou mais de 1,1 mil atendimentos pediátricos. Desde quantitativo, 235 eram referentes a quadros clínicos respiratórios. No mês seguinte, o número de atendimentos subiu para XX mil e os casos para XXX.